tag:blogger.com,1999:blog-72547086529676240012024-03-06T12:01:13.307-08:00para catar-sePaixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.comBlogger78125tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-28327728572473697012015-02-27T18:39:00.003-08:002015-02-27T18:42:19.064-08:00Caliandra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYyrXSbl3REJdw5QFS0YCmWh6w1Q8u5017cpUHPA56Til6CP5fIt4Q8Z3BEyGi43FSdnPAOBZdh62FnQvYZX6ACy4UReuqTq7sMf3ttJ_jP49hKBNsfmrnM-Fn_lSp_dKTYa0bIqy8D4/s1600/caliandra.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYyrXSbl3REJdw5QFS0YCmWh6w1Q8u5017cpUHPA56Til6CP5fIt4Q8Z3BEyGi43FSdnPAOBZdh62FnQvYZX6ACy4UReuqTq7sMf3ttJ_jP49hKBNsfmrnM-Fn_lSp_dKTYa0bIqy8D4/s1600/caliandra.jpg" height="320" width="188" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
Conto-lhes a breve história
de uma das minhas primeiras perdas. Qualquer inverossimilhança deve ser
atribuída ao espanto comum às crianças daquela idade, em que as coisas diante
dos olhos parecem um pouco maiores e mais interessantes que em seus estados
naturais. É por isso que, não raro, com o passar dos anos, os adultos vão
progressivamente perdendo a habilidade de ver os detalhes, as rendilhas, e têm
que arranjar-se como podem com lentes ópticas. Enfim, a questão é que naquele tempo eu morava
a uma rua calçada com paralelepípedos, desses já encerados pelo uso. Perigo em
dia de chuva, caíamos muito, mãe pedia cautela, joelhos viviam ralados de
inventar de descer o morro sem saída sobre folhas de papelão. Era no mesmo
morro sem saída que havia essa arvorezinha. Dava umas flores irrelevantes,
porque não se pareciam com as que todas nós meninas desenhávamos,
coloridíssimas. Não tinha pétalas arredondadas, ou miolinho pra ser pintado de
amarelo – o propósito do miolo era justamente ser pintado de amarelo. Ao invés,
essa flor calhou de ter uma existência estranha e arrepiada, se espalhava pra
todos os lados numas filandras de um branco encardido, que mudava a um
inesperado rosa purpúreo na extremidade.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
Tinha a época de a
árvore florescer. Mas essa época vinha sempre ao acaso, nunca era ansiada feito
o tempo das mangas. Certo dia olhávamos pro morro, lá estava a árvore apinhada
daquelas flores. “Ah”, dizíamos, desinteressados. E íamos cuidar da vida. A
árvore se esvaindo naquela abundância à beira de nossas brincadeiras de rua,
por anos. Pouco ligávamos.<o:p></o:p></div>
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
Foi então que houve
uma tarde muito particular. Sentamos-nos em um círculo de crianças e nos
pusemos a discutir nossos assuntos de extrema importância. Íamos bem assim até
que nos interrompeu o sobressalto
inesperado de uma amiga sentada à minha frente, que abriu a boca para dizer
algo e não conseguiu. Diante de nosso silêncio, logrou soltar uma exclamação
sem forma e apontar por sobre nossas cabeças. Quando pude me virar só enxerguei
a pequena árvore com aquelas suas mesmas dezenas de flores. Mas algo era
novidade no entorno daqueles instantes, como se o céu mesmo tivesse assumido um
azul mais profundo de anunciações, e corresse por ali um vento causador de
arrepios na gente. De repente entendi que uma das flores bem no centro da copa
da árvore havia acabado de se abrir por completo e eu não havia visto. Era
diferente das outras, até menos encardida – provavelmente de tão pouco de mundo
ainda que a aborrecia. Estava embriagada de sol, túrgida de ilusões precoces.
Achei-a bonita, fiquei triste por dias de uma pena profunda. Passei a perder
muitas coisas pequenas depois disso: lápis, borrachas, chaves, moedas,
minutos. Nunca me recuperei.<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
-----</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
(foto: ilustração botânica em Curtis's Botanical Magazine (1846))</div>
</div>
Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-52829727078051184482013-03-17T12:31:00.001-07:002013-03-17T12:31:42.242-07:00Nota de agradecimento<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcZbf5CBYl7Oo3hI_1DNmiqDXMCSBht2eusKD48ZvOwuBrNBV1SsAMDQf_nssOtulbgG7geH78RFhhN38VzMiuLMeSdO_MVvN_mwN8qKTxGDbAsak0XWvCpmSj6b-016CvUv4zo70JuVk/s1600/besouro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcZbf5CBYl7Oo3hI_1DNmiqDXMCSBht2eusKD48ZvOwuBrNBV1SsAMDQf_nssOtulbgG7geH78RFhhN38VzMiuLMeSdO_MVvN_mwN8qKTxGDbAsak0XWvCpmSj6b-016CvUv4zo70JuVk/s320/besouro.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu me lembro dos meus oito anos, me lembro bem. Como todas
as crianças, eu esquadrinhava o chão enquanto ia caminhando, e coletava meus
pequenos tesouros. Outros, deixava ali, que eram parte do pavimento, pertenciam
ao espaço entre dois paralelepípedos e às poças depois da chuva. A essa idade
eu tinha um flamboyant de esquina, e embaixo dele um bloco de pedra com inscrição
enigmática: números, letras. Em minha cabeça aquele bloco estava ali desde o
início dos tempos, pequeno monolito misterioso, propriedade de todas as
crianças da rua, sentadouro para a brincadeira de passar anel e leituras de
gibi. Dividia frequentemente o lugar na pedra com uma amiga de minha idade, e à
tardinha conversávamos nossas importâncias pueris, remexendo musgos com
palitinhos. Do outro lado da rua havia uma garagem, com um cadillac abandonado
meio tragado já pela terra batida. E britas, havia tantas. Montanhas, sempre alguém reparando a casa lento lento, subíamos
nos morros cinzentos, o barulho bom, catávamos as melhores pro
jogo-das-cinco-pedrinhas. Conservo muito vivos meus chãos de infância na memória,
sabendo-os todos de cor: degraus irregulares do beco, calçada lisinha que
servia de rampa pra deslizar quando chovia morno no verão. Cada calçada da
minha rua era um acontecimento único, de materiais e inclinação variados, que
escolhíamos de acordo com a brincadeira. A calçada rachada no meio era para
queimada. Aquela com subida pra garagem era pra partir com a bicicleta, morro
abaixo íamos. Andávamos descalços muito, nos sentávamos em qualquer lugar. Quando
você é criança é mais próximo do chão, das suas texturas, cicatrizes. Pode ser
que também saia com alguma cicatriz – a minha está bem debaixo do queixo – mas é
só porque não se pode passar incólume por tanta intimidade. Os seus chãos te
marcam, de uma maneira ou outra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A coisa é que um dia vão te afastando deles. Te ensinam a
olhar pra frente, pra muito lá adiante. Te ensinam sobre germes e bons modos.
Te ensinam sobre a pressa. Veja que eu nunca aprendi muito bem. Nem eu, nem Manel, nem tantas gentes mais, deslumbradas,
admirando caracóis. Que bom. Continuo colecionando meus chãos, e em boa
companhia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Agora, por exemplo, tenho uma porção de novos, de terras
mais ao sul. Chãos úmidos, de beiradas de lago, de beiradas de golfo e das
beiradas do Pacífico, derramamento de azul. Uns repletos de pedras vulcânicas,
outros poeirentos, ladeados de amoreiras. Uns encantados, de cachoeira. Seis
dias de perscrutar chãos, na companhia de outros olhos e outra sensibilidade tão
parecida à minha, que abraço e que me acolhe. Seis dias de andar devagar, de
agachar-se sobre formigueiros e folhas e esqueletos de ouriço. Obrigada, Luz,
amiga, por olhar. Por ter oito anos, junto comigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-73836593652758982152012-12-15T06:20:00.000-08:002012-12-16T04:50:19.014-08:00De Pães e Nenhuma Letra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUrA0m8EkWkBCXh7evemYgdXI9tOn2rk-A1eFJYXwTUF877grZWopdK9CDKyYbNjBKymn9hiPFj4iEt3aUBnAkO_d-m6exTtLWAJdA8N5QI-SepaypqmRHTrXqZ2Umut_XWxLZ9eyO7jM/s1600/la_foto+(2).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUrA0m8EkWkBCXh7evemYgdXI9tOn2rk-A1eFJYXwTUF877grZWopdK9CDKyYbNjBKymn9hiPFj4iEt3aUBnAkO_d-m6exTtLWAJdA8N5QI-SepaypqmRHTrXqZ2Umut_XWxLZ9eyO7jM/s320/la_foto+(2).JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não ando escrevendo. Nem pouco, nem nada.
Agora entendo que meu escrever constante de tempos passados pode ter sido, mais
que mistérios do
profundo da alma, coisa simples de mãos inquietas. Escrever também é a textura
do papel e o jeito com que a tinta corre por ele. Deve correr fácil e abundante, deve manchar meus dedos,
unhas até. Unhas, aliás, que sempre tive curtas. Porque cresciam
lentas e frágeis, sim,
mas também porque
quando um pouco mais longas me atrapalhavam a sentir a pequenez das formigas de
açúcar, perscrutar a geografia das
pitangas. Muito com os dedos eu enxergava o mundo: fazia dormir as dormideiras,
arrancava também as
casquinhas da goiabeira minutos sem fim. Conversava com sulcos e saliências. O nariz de minha mãe, pequeno e delicado. O queixo redondo e
as linhas do sorriso, um pouco mais profundas a cada ano. Entendi com os dedos
que mamãe
envelhecia, mais que com os olhos. Também assim entendi a turgidez de fruta de estação de meu corpo púbere. O espelho era uma confirmação plana, fotográfica. A verdade-matéria me turvava a vista, curvilínea e sumarenta. <span style="mso-ansi-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Cambria;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que quero
dizer é que não quero escrever. Ando exacerbadamente
sensorial, as palavras me esgotam, a linguística, a literatura. Me esgota o idioma estrangeiro, estoy agotada, je
suis fatiguée. Me
esgotam os pós-estruturalistas,
eu quero respirar fora do texto um pouco. Assim: fazendo pães. <span style="mso-ansi-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Cambria;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já fizeram pães vocês alguma
vez, senhores? Se não, devem fazê-lo. Mas façam-o com canto e dança, façam-o como se gerassem vida. Como se
gestassem, como se parissem. Espalmem as mãos sobre a massa morna do pão como se ela fosse as costas suaves de um recém-nascido. Alterne com sová-la com lascívia, afundando dedos queredores. Divida a massa, leve ao tabuleiro cada
porção para que descanse. Faça esse movimento com as mãos em concha, como se tivessem sete anos
de idade e carregassem um punhado de água do mar, ou um passarinho. Cada pão que se vai abrindo como flor é único em suas
reentrâncias e convexos. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não tenho tempo para escrever, porque uso
muito dele olhando os pães no forno.
Os vinte e três minutos são exatos para o dourado perfeito, mas há que flagrar o instante preciso de
pequenos milagres: um vinco que se alarga, o lentíssimo movimento de um pãozinho se
expandido pra tocar o outro a seu lado. Alguns dias, exausta, durmo o sono
pesado dos que constróem casas o
dia inteiro. Entendo-os, entendo as bordadeiras, as catadoras de mangaba.
Contemplo a poesia intrincada do mundo, poesia material: os nós de macramé, pilha de tijolos, vento no trigal. As fileiras mesmas de pães, versos de perfume quente e penetrante.
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não tenho escrito, enfim. E não é falta ideias. São as múltiplas querências, as mãos
inquietas. Talvez seja um capricho de quem sempre passou muito tempo contemplando
e descifrando as próprias mãos. Talvez
seja apenas um escrever de outra maneira.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">-------------------------</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Texto publicado na Cachoeiro Cult de dezembro/2012. </span></i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Cambria;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-50991057518479719352012-06-21T04:30:00.001-07:002012-12-15T06:30:42.044-08:00Etimologia<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis1IRIRaZ19ZXGXAx-sTJnOKITOMWAJ1_Sa7EZxLhOviyXi_DbqXtgkNlMv99-POq4b0uIdoNOUyO9cNKYX6C4see1izEXoZ1SWhgTCwK8d5UjdLo6T7NJPaygl19KKY7fSmju8Lj-688/s1600/curumim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis1IRIRaZ19ZXGXAx-sTJnOKITOMWAJ1_Sa7EZxLhOviyXi_DbqXtgkNlMv99-POq4b0uIdoNOUyO9cNKYX6C4see1izEXoZ1SWhgTCwK8d5UjdLo6T7NJPaygl19KKY7fSmju8Lj-688/s320/curumim.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 16px; text-align: left;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; line-height: 16px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; line-height: 16px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É com a extensão inteira da sua pele que eu quero que você aprenda as palavras, sentindo-as todas, como deve ser. Pego sua mão entre as minhas e lhe entrego a primeira. Escrevo na sua palma: borboleta - e a palavra lhe faz cócegas como se você deveras prendesse o bichinho na concha de suas mãos. Abra a mão e olhe com atenção: borboleta é palavra de pura descrição de voos vacilantes. Com o tempo lhe mostro como uma folha de outono ou pedaço de papel podem se chamar borboleta também. Por agora vou escrevendo chuva atrás da sua orelha. Você não pode ler porque quero somente que escute o barulho dela. Chuva começa com o barulho mesmo de água com vertigem, chiadeira de dígrafo que foi inventado exato para esses próprios ruídos: chuá, chaleira, cachoeira, choro. Imite comigo o barulho comprido dessas quedas d’água, o mesmo barulho de quando a gente pede silêncio com o indicador contra os lábios. Por isso as coisas da água vão bem com silêncio. Como o mar. O mar conversa conosco é quando há um tudo quieto em volta. Ele pulsa e se dilata feito coração, já viu? Coisa das marés e dos ventos. Por isso escrevo mar sobre seu peito. E lhe mostro como o erre se expande pela abertura desimpedida da boca, vai se espraiando horizontes sem fim. Coisa idêntica acontece com a palavra amor, ouça bem as infinitudes.</span></div>
<div style="color: #333333; line-height: 16px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; line-height: 16px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por fim decido que quero suas pernas. Cubro sua pele branca com o nome das frutas que nascem de sementes acarinhadas pelas terras daqui. Vou dizendo pitanga, cacau, caju, cupuaçu, goiaba, maracujá, guaraná. Suas coxas se impregnando do cheiro de todas enquanto você repete os nomes. Mastigue as polpas, sorva todos os sucos. Conto-lhe duas coisas: a flor do maracujá só a mamangaba poliniza, único inseto desses ímpetos. E o guaraná dizem ter nascido dos olhos plantados de um curumim maué.</span></div>
<div style="color: #333333; line-height: 16px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #333333; line-height: 16px; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois silêncio. São as águas.</span></div>
Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-69505691818035976852011-12-10T09:11:00.000-08:002011-12-10T09:14:55.673-08:00Tirésias<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD_ZDMHgX7Fhf8x0wfJ1T-mQKUjNI44SaWTWxda0Bm-5Ct3GjD82aWTFR8jqlMqb0WV0QP1CppE0R2pxk8LjAvpmm9tM8DEo7IxuFp-DXGfhORV3Qxit34RWN0rDb9RsFTPMbnfRIrTTY/s1600/apple-art-black-and-white-kami-mckeon.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 237px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD_ZDMHgX7Fhf8x0wfJ1T-mQKUjNI44SaWTWxda0Bm-5Ct3GjD82aWTFR8jqlMqb0WV0QP1CppE0R2pxk8LjAvpmm9tM8DEo7IxuFp-DXGfhORV3Qxit34RWN0rDb9RsFTPMbnfRIrTTY/s320/apple-art-black-and-white-kami-mckeon.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5684548825315595746" /></a><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">Não podiam se entender. Sentia que havia dentro dela uma solidão que ele nunca conseguiria tocar, por mais que ela quisesse deixá-lo. Ele, que sabia de tantas coisas, tinha as mãos grandes e curiosas demais para descobertas delicadas. Os dedos viviam buscando, tudo ao seu toque se tornava objeto de detalhadíssimas e pegajosas inspeções. Ouvia coisas ainda não-ditas, sabia que amanhã iria chover somente pelo cheiro que tinha o ar quando a noite atingia o seu mais escuro. Da mesma maneira, conseguia sentir o odor de qualquer descrença. Media a respiração dela, adivinhava quando se acendia qualquer centelha de dúvida. Antecipava-se a qualquer palavra, declarava com voz maleável:<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">“Mas é certo que te quero. Como é vermelha esta maçã, querida.”<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Ele apalpava a fruta de maneira exagerada, as pontas dos dedos brancas com a intensidade da pressão. Ele conhecia, sobre a pele, a textura da cor vermelha. Ela, por sua vez, olhava a fruta com as feições de quem tenta resolver mistérios. Desviou os olhos e suspirou, vencida, a expressão agora inescrutável. Em momentos como esse, ele lhe tomava a mão entre as suas. Ele sabia que o tato sempre os salvava.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Ele, que sabia de tantas coisas. Como o fato de ela gostar tanto do outono pela abundância do amarelo. Para ela, essa era a verdadeira cor das árvores. Enquanto caminhavam, coletava com cuidado e sofreguidão o amarelo nas calçadas para conservá-lo entre páginas. Ele, divertido, sorria do gesto.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">No verão, porém, ela não entendia aquela tonalidade acinzentada das árvores. Nunca viu um número verde dentro de um círculo vermelho. Nunca, na verdade, havia visto uma maçã. <o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal">Disso, ele não sabia.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">---</p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span">Texto publicado na edição de 5º aniversário da revista Cachoeiro Cult.</span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span">Foto por Kami McKeon</span></p>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-67685262760267704482011-03-02T15:12:00.000-08:002011-03-02T15:16:15.451-08:00Poussière, Lumière (ou da poeira em fachos de luz)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXsdH_N6MxFDFw_QYnua9cCuaV87HlcWoMwuJJNq8Fz8HvikuInR57fHIO8AGTt17G1n_J1VbOQ_440BPfDZrCgH0L1kg2ThoTMpj-gZASaQi_tAzVcs3bw2GNB52q71n6gOHvB_8kUFE/s1600/nimrod.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXsdH_N6MxFDFw_QYnua9cCuaV87HlcWoMwuJJNq8Fz8HvikuInR57fHIO8AGTt17G1n_J1VbOQ_440BPfDZrCgH0L1kg2ThoTMpj-gZASaQi_tAzVcs3bw2GNB52q71n6gOHvB_8kUFE/s320/nimrod.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5579625371140532210" /></a><br /><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Dizem que Chade é o coração morto da África. Localizado no centro-norte do continente e sem comunicação com o mar, apresenta um clima desoladamente desértico. Lá se falam, oficialmente, o francês e o árabe, e a religião mais praticada é o islã. É o mais populoso e o mais pobre dos países que compunham a antiga África Equatorial Francesa. O que me liga a Chade é apenas o nome Liane Nimrod, a impressão de calor intenso e a cor ocre-alaranjada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Nimrod nasceu lá, em 1959, apesar de depois ter se mudado para Amiens, na França. É doutor em filosofia, ensaísta, poeta, romancista. Em 2004 lançou um livro de poesias chamado “En Saison ”. E foi assim: naquele três de junho de sol, em Pistóia, na Itália, Nimrod autografou um exemplar para seu amigo brasileiro Carlos, bendizendo as circunstâncias do reencontro deles. Anotou no rodapé da página todos os seus contatos e endereço. Não deixemos de nos ver mais uma vez. Sim, com certeza, obrigado. Sucesso. Obrigado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Sorrisos, breves apertos de mãos, e seguiu-se a fila de pessoas de rostos ignotos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Recriei a cena sem nenhum compromisso com a realidade, não estava lá. Nunca estive na Europa, muito menos em Pistóia. Mas tenho a pista, o fruto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Preciso partir da explicação de que o papel sempre me foi uma espécie de fixação. A textura, o cheiro, as cores. O cheiro, principalmente. O cheiro viciante do papel novo. As livrarias, cujo ar eu respirava como se fosse montanhesco - fundos, longos tragos.<span style="mso-spacerun:yes"> </span>Aquelas lombadas coloridas e brilhantes, imaculadas. Tão bom. Livro era assunto que me dava muito ciúme. Manias de encapar com plástico transparente, colar etiquetas. Foi longo o processo que me levou ao saudável desprendimento pra lograr ser bem sucedida no exercício de emprestar. A data de devolução de um livro precisa ser um mistério insolúvel.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Longo processo. Que me levou a perder os cuidados em virar páginas e o medo de amassar as capas dentro das bolsas, e a amar as máculas que deixam a leitura. Passei a gostar indecentemente delas, dobrar orelhas, grifar trechos que me faziam morrer de tanto viver naquele momento exato. Iluminações. Subverti-me até chegar aos sebos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Ah, os sebos. O ar que se respira neles é bem diferente do das livrarias. É mais denso e passa áspero pelas narinas nas primeiras vezes. Pode ser que seja a poeira, os ácaros, os ocasionais fungos. Prefiro chamar de história, poeira num facho de luz, revoluteando com o susto da descoberta. Pega-se nas mãos um mundo que já foi vivido no mínimo uma vez antes, todos os vestígios dispostos entre as páginas, nas manchas da capa, espremidos entre as entrelinhas da própria história exposta em tinta de gráfica: dedicatórias, trechos sublinhados, observações, flores, fotos esquecidas, bilhetes antigos, Chade, Amiens, Pistóia, Nimrod e Carlos todos quietos no espaço concebível entre dois outros livros de uma estante abarrotada de livros em Francês. Ao lado desses, dezenas de outros. Centenas de outros acima, abaixo, atravessados em qualquer folga de espaço. Atravessados no tempo, todos os outros milhões de dias e sentimentos dormentes, esperando. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR">Se andar melhorando demais em desprendimentos, um dia subverto-me ao ponto da perdição. Ponho meus dias e sentimentos pra esperar em janelas, bancos de praça, galhos de árvore. Feito mulheres assunteiras, pássaros. Um dia, em outro país, eu deixo Nimrod esperando num assento de ônibus e saio pensando em Carlos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="mso-ansi-language:PT-BR"><br /></span></p><p class="MsoNormal">------------</p>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-69474638666285810552010-08-02T06:47:00.000-07:002010-08-02T06:51:42.946-07:00Breve descrição para uma nova anatomia da ausência.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW4lwdOYO_UfVbSwoihS-5ZnW1lO_NOwCJSfZO2FBhhsxF6bH4qqsv8Q1Z7ctWj7g6ETuMLuNn_cS1midulH9omHMFJuHF_C0iu52y06U8eWi1Aou_l1K1ru1Ydonz3s_Zy22-OggfCEw/s1600/cadeira.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 242px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW4lwdOYO_UfVbSwoihS-5ZnW1lO_NOwCJSfZO2FBhhsxF6bH4qqsv8Q1Z7ctWj7g6ETuMLuNn_cS1midulH9omHMFJuHF_C0iu52y06U8eWi1Aou_l1K1ru1Ydonz3s_Zy22-OggfCEw/s320/cadeira.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500809251830851826" /></a><br /><br />Mais que de carne, osso, veias, unhas, sexo<br />Sou feita de ausência<br />Ausência pontuda, calcária<br />Minha extensão toda negros espinhos rompendo a pele<br />Vindos dos debaixos da alma.<br />Não há calma, sempre taquicardia<br />Nunca é dia, ninguém se aproxima<br />Do breu, da noite que me tornei.<br />Me arrasto no movimento quase intangível de mil perninhas<br />Sobre o chão liso demais das faltas mais fundas.<br />Dentro da minha noite aguda todos dormem pra sempre<br />Mudam de posição, sofrem seus espasmos noturnos<br />Sonham descaradamente<br />Diante de meus olhos insones<br />Diante da minha fome<br />Da minha estranha arquitetura de agulhas escuras<br />Veneno, inflamação<br />Chamas, incêndio, sirenes<br />Enxame de abelhas, canteiro de obras<br />Escombros<br />Uma parede emassada ali<br />Muitos pregos. Um quadro guerniquesco<br />Mel escorrendo grosso pelo pé direito<br />Pelo lado de dentro.<br /><br />Por fora só esse silêncio.<br /><br /><br /><div><br /></div><div><br /></div>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-88229171417675210272010-05-19T08:20:00.001-07:002010-05-19T08:22:03.240-07:00Entre os Versos e o Capitão<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQMPomn6TRS7KS05Uh9PwsCxVeA1BwMADwjgXxqD_bd7zAaj3h4bTZU8GNMnc2bISAf3D07jXdd0syeEJvWIQDAyqL1nbKG1mKxQutQy5xnC7a41fZrUrN3aPfLbtdSeboZ7jfSNB5dIE/s1600/79.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQMPomn6TRS7KS05Uh9PwsCxVeA1BwMADwjgXxqD_bd7zAaj3h4bTZU8GNMnc2bISAf3D07jXdd0syeEJvWIQDAyqL1nbKG1mKxQutQy5xnC7a41fZrUrN3aPfLbtdSeboZ7jfSNB5dIE/s320/79.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5473001503117316690" /></a><br />Antes de chegar a Isla Negra, eu já sabia: não estava indo ao encontro de uma ilha. Cheguei a um povoado bem ancorado à terra, com suas ruazinhas e sua plenitude feita de sol enquanto em Valparaíso, naquele mesmo dia, havia frio e mariscal. Vi que as areias que cercam o mar de Isla tampouco são negras. São infinitos grãozinhos cor-de-trigo, de uma aspereza gentil a solas de pés. Sobre essa mesma areia pessoas e grandes pedras – essas sim, escuras – dividiam o espaço enquanto contemplavam o azul do pacífico a poucos passos. A impossíveis poucos passos, para algumas das guardiãs estáticas e sombrias que as ondas não alcançavam com seu estrondo e sua espuma. Assim como aquelas grandes pedras mansas, também não cumpri os poucos passos em direção ao mar. Era tardinha, o sol já estava em ângulo oblíquo no céu limpo de nuvens, enegrecendo a silhueta das pessoas que se punham sobre as rochas mais à frente, tornando-as também em estátuas centenárias no meu momento onírico.<br /><br />Percebi que eu só poderia fazer aquela visita sozinha, ou com quem entendesse. Felizmente me enquadrei na segunda alternativa: éramos três sentados sob o sol já brando, sorrisos enlevados, com o motivo principal da viagem esperando às nossas costas: observadora, debruçada sobre o mar, a que dizem ser a mais impressionante das casas de Neruda. Estava ali a testemunha de minha mudez, de meu amor e desconcerto. Abriu suas portas para nós em meio a uma brisa já gélida, para que nos inundasse um calor cheirando a madeira e pedra, além de um cheiro que não poderia explicar, mas que me tocou mais que todos os nomeáveis. Era o cheiro das memórias despertadas por todos os objetos que o poeta colecionava – as carrancas de proa, os diablillos mexicanos, os garrafões dispostos ao longo das janelas de vidro, os caracóis de todos os tamanhos e proveniências – expostos em uma sala azul que Neruda nunca conseguiu terminar. Também havia o cheiro da espera de uma mesa permanentemente posta para amigos que não viriam mais, mas que ali estavam imortalizados nas diversas fotos coladas nas paredes (entre eles Vinícius de Moraes e Jorge Amado). Enquanto cruzávamos os corredores e cômodos que se assemelhavam a camarotes de navio, uma mulher nos dava em um espanhol suave suas explicações mais que bem pronunciadas, numa calma que não condizia em nada à minha emoção em ouvir sobre como a escrivaninha posicionada sob uma janela havia sido na verdade uma porta que chegou até ali com o acaso e com as ondas do mar; sobre Maria Celeste, a carranca que vertia lágrimas no inverno; ou sobre o cavalo que havia sido presenteado com caudas por três amigos do poeta, que lhe pregou todas e o taxou de “o cavalo mais feliz do mundo”, por possuir três caudas. Tudo isso tinha o cheiro que ainda posso evocar. <br /><br />No andar de cima, o quarto de Neruda e Matilde se abria ao mar através de amplos janelões de vidro que iam do teto ao chão, de um lado a outro do cômodo, servindo-lhes uma vista opressoramente bela do mar. Caso estivessem ali deitados, naquele momento, teriam o sol a ponto de se pôr aos seus pés, como eu imaginava que havia ocorrido incontáveis vezes. De certo modo nesse lugar ambos ainda repousam – ao ar livre, num promontório que recebe diariamente o vento úmido do pacífico. Deixei que meu olhar se desviasse das letras e datas para uma pequena menina que brincava nos degraus do mausoléu. Senti que o espírito do poeta e seu amor por Matilde, por seu país e por todas as coisas que designam os cacos indispensáveis à integridade de qualquer alma, se espraiavam com leveza sobre tudo ali, iam e vinham se espiralando no vento, entre os cabelos das pessoas. Estávamos todos um tanto comovidos e chascones.<br /><br />Ao final, percebi que havia passado grande parte do tempo calada durante e depois da visita. Minha amiga chilena me dirigia um olhar cúmplice de quem entendia, e de quem, mesmo depois de haver estado ali já algumas vezes, tinha a mesma sensação que eu. Caminhamos os três - eu, ela e seu filho - até os fundos da casa, para assistir a como o sol mais uma vez se punha aos pés do eterno marinheiro de terra firme. E o brindamos com taças de silêncio emocionado. Salud.<br /><br /><br />(texto publicado na edição de abril da revista Cachoeiro Cult. Foto por Cristina Briceño)Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-64324214083881181722010-03-21T11:55:00.000-07:002010-03-21T11:56:58.502-07:00Subitamente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvKyeFH_1s2sJhL-UOiRJJM44liC5cQ1QS4E5s9vXPBPDySN5f0TbqEWaILkzLDqww6FdHHyInZoiDDvEzlDPF9uWzBLgE56o65nlhgaritE4yLZtRLETMrgnEAr0qd4ChcixEaV8t1bc/s1600-h/thing_.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 234px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvKyeFH_1s2sJhL-UOiRJJM44liC5cQ1QS4E5s9vXPBPDySN5f0TbqEWaILkzLDqww6FdHHyInZoiDDvEzlDPF9uWzBLgE56o65nlhgaritE4yLZtRLETMrgnEAr0qd4ChcixEaV8t1bc/s320/thing_.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451163030030214002" /></a><br /><br /><br />Todas as manhãs, sentava-se em frente ao espelho com a expressão impassível, a atitude quase estóica. Levava as mãos à cabeça e com movimentos treinados dividia os fios longos e escuros entre os dedos finos. Logo começava a tecer uma trança que se enredava desde o alto da cabeça até o meio de suas costas. Fazia tudo em silêncio. Acostumara-se ao silêncio, àquela indiferença mansa. A solidão de nascença lhe ensinara a não fazer muitas perguntas, a não divagar demais sobre si mesma aos pés de ouvidos de terceiros. Depois de um tempo isso parecia vital. Fatigava-lhe fazer relatos, era uma dor quase física contrariar a vontade de ficar calada. Guardava para si pequenos episódios insólitos, íntimas iluminações momentâneas.<br /><br />Gostava disso, desse egoísmo quase branco de não contar. Não contava e ponto. Tecia diálogos intrincadíssimos dentro de si. Tinha milhares de segredos dos mais inócuos. Ninguém os sabia. Ainda assim, boa ouvinte que era, colecionava confissões alheias que sequer desejava com tanto ardor saber, e o fazia apenas pela satisfação de desafogar um amigo. Não era difícil, afinal, que eles confiassem em seu silêncio. O que não percebiam era que esse silêncio vinha mais do vislumbre do cansaço em usar sua própria voz do que do altruístico esforço de manter um segredo a salvo. Feliz, falava cada vez menos, entre conversas curtas ou monossilábicas. Repudiava a curiosidade alheia e não entendia o propósito do saber gratuito sobre a vida dos outros. <br /><br />Mas amava, real e profundamente. Só que era um amor já tão conhecido seu que não sentia ser preciso esforço para mantê-lo. O amor com que os pais lhe ungiram, o amor de amizades desveladas. Não conhecia ainda o amor escorregadio, aquele que exige, que queima, que pede, aos gritos, por dentro. Então, logo vieram os homens e os nós. Os mesmos nós que ela havia feito pra se fechar confortavelmente em si mesma e que agora o hábito agarrava por cada uma das pontas e apertava forte. O maior e mais sufocante ficava bem ali, na garganta. Era um nó cego, feito de vários que iam se sobrepondo cada vez que reivindicava sua voz aquele tipo de amor que exigia uma doação que ela ainda não conhecia. Estendeu as mãos a todos aqueles homens esperando que fosse suficiente aquele seu punhado de silêncio cheio de explicações. Não era.<br /><br />Assim, passaram-se vidas de perdas e de manhãs em que, metodicamente, trançava suas madeixas com cada vez mais severidade. Até que numa dessas ocasiões, uma voz lhe interrompeu da porta do quarto:<br /><br />“Que coisa mais triste, Aimê. Trança é coisa entre irmãs.”<br /><br />Adentrando o cômodo, a amiga de sorriso fácil desfez os nós apertados no topo da cabeça de Aimê, trançando os fios novamente com calma e uma frouxidão delicada, até a extremidade. Pelo espelho, a outra a observava, e, sem saber o que fazer com as mãos, repousou-as sobre o peito. <br /><br />“Assim está melhor.”<br /><br />Tão logo Aimê viu seu próprio reflexo, seus olhos arderam, iluminados. Começou a soltar a trança diante da amiga um tanto confusa, sentindo e amando cada gomo desfeito. Fechou os olhos e sacudiu os longos cabelos por vários minutos. Caídas dos cachos castanhos, palavras de séculos atapetaram o chão do quarto. Começou a lê-las à amiga maravilhada, na ordem em que as recolhia.<br /><br />“Orquídeas!”<br />“Perdão!”<br />“Subitamente!”<br /><br />E passou o dia sentada sobre o beiral da janela, berrando as restantes aos transeuntes. <br /><br /><br />---Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-40072221511411461992010-02-04T16:16:00.000-08:002010-02-04T16:35:25.769-08:00Da Solidão como Arte<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQRUEE2GwMkU4XCLgeFQECSFokgSOVeQEZsOSFY1y9Thu-pVQQljg4nEIdB6nAQpChRmELSgC57cicg4_EmoEqKvT54P0JjbTyQt3ts3NkVez6bUuF2hpRubyaV7dTSZ2m9tLhyphenhyphenAzNJF4/s1600-h/gabo_.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 235px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQRUEE2GwMkU4XCLgeFQECSFokgSOVeQEZsOSFY1y9Thu-pVQQljg4nEIdB6nAQpChRmELSgC57cicg4_EmoEqKvT54P0JjbTyQt3ts3NkVez6bUuF2hpRubyaV7dTSZ2m9tLhyphenhyphenAzNJF4/s320/gabo_.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5434548481108429282" /></a><br /><br /><br />Há algo de sedutor na literatura latino-americana, capaz de tocar o sangue e o espírito. Talvez seja pelo compartir dessas mesmas terras entre trópicos, da mesma herança histórica. O fato é que a literatura latino-americana, incluso a brasileira, sempre me pareceu estar plena de elementos de identificação imediata e osmótica, dando-me a impressão de que as palavras não me entravam pelos olhos, mas pelas pontas dos dedos, caindo na corrente sanguínea e passando por veias e átrios pra só então chegar ao cérebro, ao centro da razão. <br /><br />Dentre os brasileiros, chilenos, argentinos, venezuelanos e tantos outros responsáveis por tal façanha encontra-se um colombiano simpaticamente alcunhado Gabo, Gabriel García Márquez, dono de uma obra que abrilhanta toda a existência do chamado “Realismo Mágico”. O estilo de narrativa de García Márquez, que ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1982, é perpassado de elementos fantásticos, frutos de sua própria vivência com incrementos de sua virtuosa imaginação e talento descritivo. <br /><br />Sua obra-marco é Cem Anos de Solidão, em que podemos acompanhar a curiosa trajetória da família Buendía num povoado fictício chamado Macondo. Este livro, alvo de inúmeros estudos e passivo de um sem-número de interpretações, é repleto de referências bíblicas, da história da América Latina, e referências pessoais do autor, num equilíbrio prodigioso que torna impossível dissociá-las. Nele, elementos místicos são colocados de forma tão natural e sem espanto, como parte inerente da vida dos personagens (feito o sol ou a chuva), que o próprio leitor é levado à impressão de que aparições fantasmagóricas e fios de sangue que cumprem trajetos exatos de subidas e descidas em caráter de prenúncio são acontecimentos corriqueiros ou verossímeis. <br /><br />O livro é narrado de forma não linear, e compreende um ciclo genealógico pela repetição de destinos dos quais parece impossível escapar. Ao passar das páginas também é preciso lidar com a insistência da repetição de nomes, recurso que o Gabo utiliza não em vão na construção de personagens complexos e interessantes, e que por vezes obriga os leitores mais ansiosos a desenhar a árvore genealógica dos Buendía para não se perderem no emaranhado de Josés Arcádios e Aurelianos que vão nascendo a todo tempo, sob os olhos de matriarca centenária de Úrsula Iguarán.<br /><br />Enfim, Cem Anos de Solidão é um daqueles livros que se caracterizam como divisores de água, daqueles em que se descobrem novas nuances a cada nova leitura. Acima de tudo, é uma grande ode à solidão... Ou, na mesma proporção, a pura expressão do medo deste que parece ser o maior fantasma da humanidade, explícito nas palavras do cigano Melquíades:<br /><br />“Havia estado na morte, com efeito, porém havia regressado porque não pôde suportar a solidão”.<br /><br /><br />-----<br /><br />texto publicado na Cachoeiro Cult - Dezembro 2009Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-81560737340430869202009-12-21T16:33:00.000-08:002009-12-22T06:05:42.980-08:00Lugar de poesia é na balada.Antes do Verbo era o caos: iniciozinho de Junho, e aquele frio desolador pros sem-namorado(a) de plantão (eu). Então foi do frio, de Junho, das querências de desmitificar o fatídico décimo segundo dia desse mês, que surgiu a idéia do nosso Sarau. Ah, e de Mário de Andrade, que emprestou, muito generosamente, o nome "Verbo Intransitivo" pra nossa tertúlia que pretendia propagar, através da leitura de textos com temática específica, o tal do amor num sentido mais amplo, que se conjuga sem objeto direto ou indireto, uma lindeza. Conversa fiada: na hora todo mundo bebeu um vinho bom, comeu o bolo de milho da dona Marlene e leu mesmo o que quis, rs. Mas a simpática alcunha perdurou nas edições seguintes - e, sinceramente, não haveria mais pertinente. O que se vê nessas reuniões é puro amor, minha gente. <br /><br />A segunda edição tardou mas veio: Outubro, calor, Café Mourad's, com uma receptividade ímpar por parte dos funcionários e administradores do local e um público bem mais numeroso. O Chuva Fina com suas rendições inspiradas e lindíssimas das músicas de Sérgio Sampaio só embelezou ainda mais o evento. <br /><br />E repercussão e vontade nos trouxeram até a última edição deste ano, realizada em 11/12/09. Dessa vez quem nos cedeu o espaço foi o Gilson, do Studio 27, e tivemos a honra de inaugurar o Sebo Cineclube e trazer à baila o Poesias de Outubro, projeto do William, que com sua namorada Jackie e a amiga Polly, apresentou poesias autorais musicadas com muita sensibilidade. Nossos queridos músicos e amigos de todas as horas: Lelê, Popov, Flavinha e Léo, também tocaram pra gente suas versões de Chico Buarque e de Roberto Carlos. Luan Volpato ainda compôs o ambiente com sua bela exposição de fotos, "Tramas".<br /><br />E a poesia sempre lá, claro. No mural, sobre a mesa, em papeizinhos embolados nos bolsos das pessoas. Leituras em grupo em plena sexta-feira à noite, e nem era igreja. Gente compenetrada, e nem era futebol. Ê, meu Cachoeiro de Itapemirim. <br /><br />Quero deixar aqui meu muito obrigada para os amigos que ajudam a organizar, para os amigos que cedem sua arte, seja música, performance, escritos, quadros ou fotografias, para aqueles que ajudam a divulgar, para os cederam espaço até hoje, pros que sempre comparecem, pros que ainda vão comparecer. <br /><br />E em especial pro meu amigo Luiz, que é co-organizador dessa bagunça boa, mentor criativo, o cara que faz os cartazes lindos, etc etc. Não teria ido a lugar algum sem a ajuda dele.<br /><br />Abaixo algumas fotos da espetacular <a href="http://mifotons.blogspot.com">Natássya Carvalho</a>, registros dessa terceira edição:<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrm3L6eSBqLYz8nhkgNGgzrZ1vbXt-xuQTwoDZmwMndJWuOaMvAD5Cljc_xIXPh3oiUDRD5Crslt5d_7zvX5mN99WGiGWQzgkLN9WvA9A0vQdaA4NxlXi9tc2mxQGgVnc5BS09FY6oczI/s1600-h/2_.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrm3L6eSBqLYz8nhkgNGgzrZ1vbXt-xuQTwoDZmwMndJWuOaMvAD5Cljc_xIXPh3oiUDRD5Crslt5d_7zvX5mN99WGiGWQzgkLN9WvA9A0vQdaA4NxlXi9tc2mxQGgVnc5BS09FY6oczI/s320/2_.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417867618828648322" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJnmtzUT47YLPQUjgjpKOGq6wxxesCFq5RWPVzORQoSrtQDs5BztFqAXIvJqD8x4KxtbvARECibL9_lzctA1sMuq84d2WpsR1yY1GCnor2CpJvro9fa3gOGlMmJUp13qTp6TMnMEPNDKQ/s1600-h/11.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 229px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJnmtzUT47YLPQUjgjpKOGq6wxxesCFq5RWPVzORQoSrtQDs5BztFqAXIvJqD8x4KxtbvARECibL9_lzctA1sMuq84d2WpsR1yY1GCnor2CpJvro9fa3gOGlMmJUp13qTp6TMnMEPNDKQ/s320/11.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417867860522744466" /></a><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgToqrUDoMkb1jj3OLnEY5-LE3SY4O0jbv0mJlzuh2IWmBZ6ak-iepkZR4vaKxUaIUklenkc6dgtHpEohjQgeQhWjRENOoWlIPhjKl0Ts2GNGULbDynzVwgLK_KB0A4tk_eF_318TqKAMU/s1600-h/4.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgToqrUDoMkb1jj3OLnEY5-LE3SY4O0jbv0mJlzuh2IWmBZ6ak-iepkZR4vaKxUaIUklenkc6dgtHpEohjQgeQhWjRENOoWlIPhjKl0Ts2GNGULbDynzVwgLK_KB0A4tk_eF_318TqKAMU/s320/4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417868075365239090" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoOJAayMCOhPaiXgLa9nNHsc9kbspnoFS6AauT1sXo8CTYaHHmzb6FdA8WPaP6e5h1BlPsqy7JaFGnmZattypIrOrtNaASPXJ70eQ2r02y9-c-yrcl5ozfMcLtPvNIOuBcf_TOObyBPBA/s1600-h/8.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoOJAayMCOhPaiXgLa9nNHsc9kbspnoFS6AauT1sXo8CTYaHHmzb6FdA8WPaP6e5h1BlPsqy7JaFGnmZattypIrOrtNaASPXJ70eQ2r02y9-c-yrcl5ozfMcLtPvNIOuBcf_TOObyBPBA/s320/8.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417868256185898210" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2WPYtQ6Kn4R4Rm3Uy0kRgJwPf2C61fApa4lAYyH3mi8nRvxDomyRtluUjvv9z3uLz7ZjAN0Mxa_X_AiN1x01JpA1e9uqmQbHW6WAIX4HtqyFIun8_FWrHP2dnxtINApFwR5NRkKu0-r8/s1600-h/DSC_4039.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2WPYtQ6Kn4R4Rm3Uy0kRgJwPf2C61fApa4lAYyH3mi8nRvxDomyRtluUjvv9z3uLz7ZjAN0Mxa_X_AiN1x01JpA1e9uqmQbHW6WAIX4HtqyFIun8_FWrHP2dnxtINApFwR5NRkKu0-r8/s320/DSC_4039.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417868557928267170" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKIaunDeYZ0zkiYDvNegWrvEJgdhjuiux2qKHBsMl8Rb7qDlzI_LwxukgGfy4g8P69KF6Ut1lv6PA8OzBgJ_VgrO32Au8vIr5CdOOLo05j7xTEg7gfSoDYooaAu8OtRUJ3nmdl_0YaQFE/s1600-h/DSC_4062.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 229px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKIaunDeYZ0zkiYDvNegWrvEJgdhjuiux2qKHBsMl8Rb7qDlzI_LwxukgGfy4g8P69KF6Ut1lv6PA8OzBgJ_VgrO32Au8vIr5CdOOLo05j7xTEg7gfSoDYooaAu8OtRUJ3nmdl_0YaQFE/s320/DSC_4062.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417869898271250082" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7YiQcLS43UCQoX0dvH4txBRB3iLhnsi4mmXLcsjlSwHyUFx6RdTGEj0ml75MPDqRgsGDSRewsh_T5p7qtndGC4v_iVZHXEPuRYbRQzfdSsh2lQtaqMI0dK3fR1-ZnkwF4RE2JzwwRC4s/s1600-h/DSC_4067.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7YiQcLS43UCQoX0dvH4txBRB3iLhnsi4mmXLcsjlSwHyUFx6RdTGEj0ml75MPDqRgsGDSRewsh_T5p7qtndGC4v_iVZHXEPuRYbRQzfdSsh2lQtaqMI0dK3fR1-ZnkwF4RE2JzwwRC4s/s320/DSC_4067.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417869312561777714" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgelgeLJ_bYe4z1ufP2fHfE2HBr2LBWjkvzCiLBmD60oTpZxpZCF1voCyeweeqffqUSX4Z2doICq4zH5V5pLw1Pozm18VCojzkdstYVdZfd-0cAZ3l8o41Tmp4Jg7c90CGi3kDtgQLMP4c/s1600-h/DSC_4093.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgelgeLJ_bYe4z1ufP2fHfE2HBr2LBWjkvzCiLBmD60oTpZxpZCF1voCyeweeqffqUSX4Z2doICq4zH5V5pLw1Pozm18VCojzkdstYVdZfd-0cAZ3l8o41Tmp4Jg7c90CGi3kDtgQLMP4c/s320/DSC_4093.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417869013774219330" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJl2nLdVP9a2clJjI6QvY93MtH5W9zb-ppGO20__I3maZVgskmTcDDdkpXWfxJXpvfnG8xf5hS_fDgZ5V6RC7uszQI3EnHEmfbK8tSM3bafP3bsF-jsyf67_oUdSrQLGOc8yPT00n_lzI/s1600-h/DSC_4063.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJl2nLdVP9a2clJjI6QvY93MtH5W9zb-ppGO20__I3maZVgskmTcDDdkpXWfxJXpvfnG8xf5hS_fDgZ5V6RC7uszQI3EnHEmfbK8tSM3bafP3bsF-jsyf67_oUdSrQLGOc8yPT00n_lzI/s320/DSC_4063.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417868845878094242" /></a><br /><br />E Fevereiro tem Verbo IV :)<br /><br />-------<br /><br />Ah, e a despeito do caos e do frio lá de Junho:<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS51NMrxmViorqgFNPoBWxZy6iJfez6-1NCIJ7WGJQYgO8okUzc4-pbHXJ6w4Un9ZthyphenhyphenhmPAhYWPkzJv0eeEYESZfcrSC4DMB5pSFvuyl23oWc6DReFGzF-qWTv7j71NixKu3TEPRUOps/s1600-h/leo_eu.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS51NMrxmViorqgFNPoBWxZy6iJfez6-1NCIJ7WGJQYgO8okUzc4-pbHXJ6w4Un9ZthyphenhyphenhmPAhYWPkzJv0eeEYESZfcrSC4DMB5pSFvuyl23oWc6DReFGzF-qWTv7j71NixKu3TEPRUOps/s320/leo_eu.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417870607869199970" /></a><br /><br />:)<br /><br />.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-41473715489585213512009-12-02T04:40:00.000-08:002009-12-02T04:48:58.261-08:00III Verbo Intransitivo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsqujD6wJ54q0yeL9B_-wV-K2FKfnTD6XKag9CXpcBNUBU2uUx2RxMoPVlNMm-04eW13rAeUM67NLi1Mce89FcTf6jPe9GzaIQS8aFBepexp70-LzeUtZqnE_xAI9E-ZsLQqSWO2AtpmM/s1600-h/IIISARAU_.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 304px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsqujD6wJ54q0yeL9B_-wV-K2FKfnTD6XKag9CXpcBNUBU2uUx2RxMoPVlNMm-04eW13rAeUM67NLi1Mce89FcTf6jPe9GzaIQS8aFBepexp70-LzeUtZqnE_xAI9E-ZsLQqSWO2AtpmM/s320/IIISARAU_.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5410619681890317986" /></a><br /><br />Amigos! <br /><br />Este mês estaremos realizando a terceira edição do Sarau Verbo Intransitivo e a última de 2009! Desta vez o local é o Studio 27, sede do <a href="http://cineclubejecevaladao.blogspot.com">Cineclube Jece Valadão</a>. Aproveitaremos a ocasião para celebrar a boa nova da instalação do Sebo Cineclube, que será inaugurado no dia do sarau. Haverá apresentações musicais, exposição de fotos e, claro, microfone aberto para declamação de textos.<br /><br />A entrada é franca e todos serão bem-vindos!<br /><br />abraços,<br /><br />Milena<br /><br />.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-58101737655276040222009-11-04T18:54:00.000-08:002009-11-05T10:51:24.610-08:00Das Delicadezas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb_mTfcLFWNAxBe0USUCX7oaPA6TuNbyyvTuUlG0QsU8vw2lZrulHr-4sKOq4qZrublG82w0XzU4Ee45aJdHwPirGmbZ-hwekdgTpuaoRCXLQz95VSsD67av0wIh6PA3NH5SZNztkhEmY/s1600-h/flor.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb_mTfcLFWNAxBe0USUCX7oaPA6TuNbyyvTuUlG0QsU8vw2lZrulHr-4sKOq4qZrublG82w0XzU4Ee45aJdHwPirGmbZ-hwekdgTpuaoRCXLQz95VSsD67av0wIh6PA3NH5SZNztkhEmY/s320/flor.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5400452344686520610" /></a><br /><br /><br />Alamanda fora do galho, se tiver botão desenganado na haste, ponha em copo de geléia com dois dedos de água. Deixe sobre uma toalha de renda e não fale muito em volta. Quase esqueça. A flor amarronzece, se acanha e a corola cai. É ignorar, que logo o botão sente ímpetos, se espreguiça no silêncio, acaba abre: pétalas. Ternura hasteia suas bandeiras o dia inteiro no enquanto isso das pessoas. Vide borboletas do manacá desempupando, besouros de esterco trabalhando, a arquitetura das sementes de cipó.<br /><br /><br />.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-11013132805045112772009-10-29T12:18:00.000-07:002009-10-30T05:12:26.247-07:00Ao Léu<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuO8krJWyUOzRlxgrl99AIi7Z_ujUW_TqgFiFQgeuQy2_9YdxVh0h8vWgdi4qlldnvNJaExYdqNg4SQDoJ0lJRwhY-6fLgbCzfqOyt2I1E6ibKM9xIE0z1wzQFRYGYllb1Ukdd2Tc3p3s/s1600-h/ceu.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 217px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuO8krJWyUOzRlxgrl99AIi7Z_ujUW_TqgFiFQgeuQy2_9YdxVh0h8vWgdi4qlldnvNJaExYdqNg4SQDoJ0lJRwhY-6fLgbCzfqOyt2I1E6ibKM9xIE0z1wzQFRYGYllb1Ukdd2Tc3p3s/s320/ceu.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398103668643504866" /></a><br /><br /><br />aquilo ali, meu bem<br />nuvem de chuva não é:<br />é gelo flutuando a uns nove mil metros.<br />cirro é que vem frente fria<br />logo-loguinho despendurar lençóis.<br /><br />na boca dele todas as nuvens têm nome<br />ele sabe dos dias, dos sóis<br />até depois de amanhã.<br />capaz enxergar transparências se desprendendo do chão.<br /><br />tenta me ensinar tudo.<br /><br />sorrio minhas ignorâncias, satisfeitíssima:<br />vejo muito licor de anis derramado<br />vejo muitos fios de açúcar<br />chumaços de algodão pra tratar machucado<br />qualquerzinho, meu ou dele. <br /><br /><br />.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-25192794477583278292009-10-21T06:25:00.000-07:002009-10-21T06:54:42.268-07:00Primeiro Ensaio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikSiiboebQCvPegiwaFCYtLxWmxa3XEXcbSkoh_OHuMRmiuaK0I__gNLkMRvP8NMT7xDkKTX-DzcRKwK-hLK5AWdVbR-ruHqKPFTXIcTsKrYrpLwoMvBaHsAjJh4Gh2FBRffZpt92-P0E/s1600-h/postcard.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 217px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikSiiboebQCvPegiwaFCYtLxWmxa3XEXcbSkoh_OHuMRmiuaK0I__gNLkMRvP8NMT7xDkKTX-DzcRKwK-hLK5AWdVbR-ruHqKPFTXIcTsKrYrpLwoMvBaHsAjJh4Gh2FBRffZpt92-P0E/s320/postcard.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395045316847949490" /></a><br /><br /><br />porque você é esse transbordamento<br />de coragem, de amor<br />essa aragem, prenúncio<br />esse clamor<br />de vontades abertas<br />ofertas<br />liquidação de coisas boas<br />dessas que a gente acha e não acredita<br />remexe araras, prateleiras,<br />pronto: precisa.<br />peço pra embrulhar esses olhos claros<br />esse desejo perene de alturas<br />nossas tantas reconhecências<br />levo tudo na concha das mãos.<br /><br />(loas, então<br />às intempéries, aos planetas<br />aos cometas, às mulheres<br />loas a essa ou aquela canção.<br />loas às colheres, de chá ou sopa<br />loas às roupas, à poeira, às janelas<br />a tudo mais que entortou nossas paralelas<br />e nos abençoou nessa interseção)<br /><br /><br /><br /><br /><br />------<br /><br />foto: postcards from italy, beirute.<br /><br />.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-28540473195116499442009-10-14T19:21:00.000-07:002009-10-21T06:55:32.320-07:00Notícia<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_vuf_Vq2u2kx94xcwquMMdepqHMUG9tgwIxuKPiki7K3E9jzIG35cKOKZm2ESBoAYffI6IkjI9T0VzK5IIhEE12_Ic7TaKRoUfymnBsvc0pG47Jnvo5VQh9dQ5_xftIFKRDVn0tY-WH8/s1600-h/favela.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 219px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_vuf_Vq2u2kx94xcwquMMdepqHMUG9tgwIxuKPiki7K3E9jzIG35cKOKZm2ESBoAYffI6IkjI9T0VzK5IIhEE12_Ic7TaKRoUfymnBsvc0pG47Jnvo5VQh9dQ5_xftIFKRDVn0tY-WH8/s320/favela.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392646531238841634" /></a><br /><br /><br />o fogo queimou trezentos barracos.<br />repórteres anunciam<br />que incandescências de papelão<br />levaram as caixas de leite<br />de Cristina das Dores.<br /><br />alastramentos alaranjados<br />labaredas fagocitam, lambem, cospem nada de volta<br />deixam rastro preto de lesma ácida.<br />fios delgados de água,<br />fios delgados de lágrima,<br />gente se arvorando em milagres.<br /><br />(câmeras sobem ruelas, alardeam<br />Beatriz mamando no seio anônimo<br />da mulher quem nem a conhece.<br />mas o choro de fome foi sem pedir licença<br />gotejar os peitos<br />como tal.<br />foi milagrear.)<br /><br />há mais leite no mundo, Dores.<br />ouça: há.<br />há leite que brota de gentes<br />feito nascente, manancial<br />feito flores.<br />tem gentes brotadinhas de milagres<br />de tanto mundo que as perpassa.<br />dizem, quase tudo é chamas, Dores.<br />quase tudo passa.<br /><br />(11/10/09)Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-39310511685381506132009-10-05T16:28:00.000-07:002009-10-21T06:55:14.027-07:00E a última flor persiste...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHn9V5ePXoCSZrYfn-d5xKLp2aUrhWDSf8rH7r6VzXKba3hheQaqygJ-gvNIrUc-5A6LE8bgAKnWDTUlEy9H6zHridkqX9VkULI_Sq0jkGQs6BFfNihU8w4JExafqEX74xnvf4NfNRQh4/s1600-h/victor-lopes-lingua-vidas-em-portugues.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 214px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5389263286420983602" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHn9V5ePXoCSZrYfn-d5xKLp2aUrhWDSf8rH7r6VzXKba3hheQaqygJ-gvNIrUc-5A6LE8bgAKnWDTUlEy9H6zHridkqX9VkULI_Sq0jkGQs6BFfNihU8w4JExafqEX74xnvf4NfNRQh4/s320/victor-lopes-lingua-vidas-em-portugues.jpg" /></a><br /><br /><br />O poeta madrilenho Pedro Salinas bem definia a língua de um povo como “a fraternidade misteriosa que cria o feito de chamar desde crianças as mesmas coisas com os mesmos nomes”. Pois é exatamente esse sentimento que experimentamos com o documentário “Língua: Vidas em Português”, dirigido por Victor Lopes, um moçambicano com nacionalidade portuguesa e radicado no Brasil há trinta anos. Sua obra passeia pelo Brasil, Portugal, Índia, Moçambique, França e Japão, e enquanto vai captando o cotidiano de pessoas comuns inseridas em contextos sensivelmente díspares, tecendo uma colcha de retalhos cultural de um viço ímpar e incontáveis nuances, vemos onde tudo se afunila em um ponto comum: todos falam português. Vemos, ouvimos e nos inserimos na mesma enorme gama de mais de 200 milhões de pessoas pelo mundo que, em suas particularidades lexicais e diferenças de sotaque, compartilham da herança lingüística da “última flor do Lácio”.<br /><br />O documentário de Lopes ainda conta com a participação de ilustres como José Saramago, Mia Couto, Martinho da Vila e João Ubaldo Ribeiro, que vão permeando o fluxo da narrativa com suas reflexões sobre a língua Portuguesa em diversos aspectos: a existência ou não de um Português padrão, se suas mudanças implicam em uma involução ou evolução, a necessidade do ser humano de fazer parte de alguma coisa, e como o idioma vem a se inserir nesse processo de pertencimento. Em meio a tudo isso, um vendedor de balas no Rio de Janeiro usa de seu discurso persuasivo dentro de um ônibus lotado, crianças em Moçambique repetem em coro as falas de uma professora que lhes conta sobre o amanhecer e dois jovens lisboeses comentam sobre a vida na capital portuguesa. O tempo todo o Português é matéria viva e personagem onipresente na proliferação de metalinguagens, simplicidades do cotidiano, crenças, aspirações, angústias.<br /><br />Não há como passar incólume, depois de assistir a esse documentário, pela sensação muito real de que a língua é um organismo que respira, que se molda, que se reinventa a cada dia através de seus falantes – e os une, também, nessa enorme rede invisível e intercontinental com pareceres de fraternidade perene. Como o sol que sempre amanhã aparece outra vez, na voz das crianças moçambicanas.<br /><br />Milena Paixão<br /> <br /><br />LÍNGUA – VIDAS EM PORTUGUÊS<br />Brasil \ Portugal – 2003<br />Direção: Victor Lopes<br />Duração: 91 minutos<br /><br /><br /><br />-----------<br /><br />Esse artigo foi publicado na Folha do Espírito Santo em 24/09/09, por ocasião da exibição do documentário "Língua - Vidas em Português" no <a href="http://cineclubejecevaladao.blogspot.com">Cineclube Jece Valadão</a>. Não é uma tipologia de texto com a qual estou acostumada, mas tenho um carinho especial por esse documentário e aceitei com prazer a empreitada de escrever um texto sobre ele, divulgando a sessão. Aproveito para parabenizar Gilson e Beto pela retomada das sessões de nosso cineclube e convidar a todos que estejam por aqui numa quinta à noite para comparecer ao Studio 27, às 20:30h, para curtir um filminho bom e um papo agradável.<br /><br />Abraços!Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-44418667261192801732009-09-20T13:06:00.000-07:002009-09-20T13:17:46.050-07:00II Verbo Intransitivo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWMDqDcN00CFbQcqrTPNxiHwIRPHk8E_uYJf7R9CMhyx-0w94-N6RYAdytNd_MsgOomTSx13YCWtb_dM9TF6-x9Aavv4mpJx4q9wIbi3fgMlEsOEMbgXuMh4epGNdy-TbW5r_-dMb97To/s1600-h/VERBOINTRANSITIVOcartaz.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 241px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5383643935775400114" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWMDqDcN00CFbQcqrTPNxiHwIRPHk8E_uYJf7R9CMhyx-0w94-N6RYAdytNd_MsgOomTSx13YCWtb_dM9TF6-x9Aavv4mpJx4q9wIbi3fgMlEsOEMbgXuMh4epGNdy-TbW5r_-dMb97To/s320/VERBOINTRANSITIVOcartaz.jpg" /></a><br />Depois da primeira edição, no Centro Operário, vamos realizar nosso segundo encontro no Café Mourad's, com a música boa do Chuva Fina (grupo de músicos cachoeirenses que homenageiam Sérgio Sampaio) e microfone aberto para declamações, declarações e revelações ;)<br /><br />Todos estão convidados, levem seus textos e pandeiros!<br /><br />Abraços!<br /><br />MilenaPaixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-14442285873545695122009-09-19T21:20:00.000-07:002009-10-21T06:54:42.268-07:00Rio Revisited<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgml4_OD66mvz39Syh4U-fyVCGXNFH5E0Q0YlKMoycZdtwzx7bgqRYmrk5gb8PX2THwICV02-4tIxzSjRES2u_PuxQjxOQKjEqxI2gvFJ6XPFj02bJFhhQ_4f6ZddOEphtDB2Y98h45kGM/s1600-h/rio.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5383400873964669506" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 230px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgml4_OD66mvz39Syh4U-fyVCGXNFH5E0Q0YlKMoycZdtwzx7bgqRYmrk5gb8PX2THwICV02-4tIxzSjRES2u_PuxQjxOQKjEqxI2gvFJ6XPFj02bJFhhQ_4f6ZddOEphtDB2Y98h45kGM/s320/rio.jpg" border="0" /></a><br /><br /><em>Para Amélia Barretto</em><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Rio<br />De um janeiro longínquo<br />Rio de cristos, de vincos<br />Na minha existência<br />Vê se me explica<br />Se renda<br />Em todas as suas facetas<br />E estreite suas alamedas<br />Até o alcance da envergadura<br />De meus braços abertos<br />Que é pra eu sentir a superfície dura<br />Desses seus segredos.<br />Deixe-me ir andando e sentindo<br />Com atenção de ponta de dedos<br />De um lado o chapisco<br />A fuligem, o risco<br />Do outro as curvas das morenas<br />Dos arcos da Lapa, o riso<br />A Urca, o mar de Ipanema<br />E todas as coisas que se tocam:<br />A bossa, o samba, os corpos<br />Com suas bocas e falos<br />Ventando seus mistérios, seu som<br />Seu tom - Antônio Carlos.<br />Rio, é sério:<br />Você, que é tão grande que não coube<br />Em só uma canção<br />Foi se alojando, santo e ébrio<br />Sem sobras e sem cerimônia<br />Nas minhas horas<br />Memórias<br />Meus foras<br />E meu coração.</div>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-84931582015296863452009-08-23T13:04:00.000-07:002009-08-23T13:31:43.402-07:00Noite de Festa<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4sPJzpGOwvFPLuweDoj6tYeO1FnUy3Mic0NeAa1q6K6emSg92NBChGuTHuckCGtW5D75eSGpjiJRYBpieWP89op9U1RfF-J4B5rRQXTIYKSKf4uY8Fcl4T37QCMbMM6bnPG488_81ApA/s1600-h/1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373253107402225954" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4sPJzpGOwvFPLuweDoj6tYeO1FnUy3Mic0NeAa1q6K6emSg92NBChGuTHuckCGtW5D75eSGpjiJRYBpieWP89op9U1RfF-J4B5rRQXTIYKSKf4uY8Fcl4T37QCMbMM6bnPG488_81ApA/s320/1.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK_pTAeZpUg8cLlyE39P1t44_zfMczuYVWeaD-xsXc5wJvcKmyTuBVRbN21GcrFKhlJaAxzwZtOgT0ezj24AHySXZbN5BHt8O6bqHBgEN-NSwrbgspxdGoSbdK2VT6EjtbvxhqD1A-wPU/s1600-h/11.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373256765253742178" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjK_pTAeZpUg8cLlyE39P1t44_zfMczuYVWeaD-xsXc5wJvcKmyTuBVRbN21GcrFKhlJaAxzwZtOgT0ezj24AHySXZbN5BHt8O6bqHBgEN-NSwrbgspxdGoSbdK2VT6EjtbvxhqD1A-wPU/s320/11.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgywx6eLEbhuYDxPWbciGWj2InGH5-092s35zNe6T1FMbgVsmOwXxcGbxB3GH1V0qXMWdY1zubBP5wvT_iSj7If4dU3pyz1WtE1FsaMEG1uMDIldqtmHi8i_5gcEQat7j1R0UE224XmXXk/s1600-h/14.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373257017342108322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgywx6eLEbhuYDxPWbciGWj2InGH5-092s35zNe6T1FMbgVsmOwXxcGbxB3GH1V0qXMWdY1zubBP5wvT_iSj7If4dU3pyz1WtE1FsaMEG1uMDIldqtmHi8i_5gcEQat7j1R0UE224XmXXk/s320/14.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><strong>Na noite de 21 de agosto soprava um vento frio que não aplacou de forma alguma o calor humano e a alegria que tomou conta do espaço cultural do Yázigi, aqui em Cachoeiro. Contando com a participação de amigos maravilhosos, artistas de primeira linha, fizemos uma festa linda para lançar o Catar-se e, acima de tudo, celebrar a cultura de nossa cidade, que vem florescendo de um jeito que não víamos há tempos por aqui.</strong><br /><br /><br /><p><br /><br /></p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9PCWmwzD2v5IdZ8qjC19vcjAPVFG1smfdrO6PHzEPobruCi6akA2IrEgqJFS3i4sNmDW44mGBADFdgnLxdbmGnkDUi5DlXHO2rlYk991RJ16dwswnyrTdPTiqtPV-y3gP0mXILpDGvdg/s1600-h/3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373254309629194386" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9PCWmwzD2v5IdZ8qjC19vcjAPVFG1smfdrO6PHzEPobruCi6akA2IrEgqJFS3i4sNmDW44mGBADFdgnLxdbmGnkDUi5DlXHO2rlYk991RJ16dwswnyrTdPTiqtPV-y3gP0mXILpDGvdg/s320/3.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNiH9xapRm-J69-3gUpTRkhnmUhWatgtPQEVH5tl3E9xxkR4a9Tlhvo5iJ9Ejao9BDsYGkWWnEPWNz9Jeuc7YEGnf-QeuO29_MnF1sOb65rOFPnBLuasOLx4bMTMgyiYwtOUkJI9l2w5s/s1600-h/4.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373254643978000018" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNiH9xapRm-J69-3gUpTRkhnmUhWatgtPQEVH5tl3E9xxkR4a9Tlhvo5iJ9Ejao9BDsYGkWWnEPWNz9Jeuc7YEGnf-QeuO29_MnF1sOb65rOFPnBLuasOLx4bMTMgyiYwtOUkJI9l2w5s/s320/4.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfxOPowBjDjMz7kMlwBDoDFoADPrY2N8e1pPSQWGjYVUZy9bNC8a2bXAzrJi02CXld_RDt2sDWhnWEaGK51OUu7f4UTk3w9Wpw67OJ27a6zLGy-tyl3sjJDVguRsngugPpyO68NU39MMM/s1600-h/5.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373254786288302418" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfxOPowBjDjMz7kMlwBDoDFoADPrY2N8e1pPSQWGjYVUZy9bNC8a2bXAzrJi02CXld_RDt2sDWhnWEaGK51OUu7f4UTk3w9Wpw67OJ27a6zLGy-tyl3sjJDVguRsngugPpyO68NU39MMM/s320/5.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih1waNmGCk7KrnGhyphenhyphenIR6ycHgl40aTXcfECrNtpPwI4fARJD0VK4l5IplFVAEjNXgnJmxuoDoWGmxw7WIoMaq4tm78bbzXiGJeRZudnveArMSCCTiuf7qABMBoPeHgTvtx__ny_RlQy_m8/s1600-h/6.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373254938163967586" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih1waNmGCk7KrnGhyphenhyphenIR6ycHgl40aTXcfECrNtpPwI4fARJD0VK4l5IplFVAEjNXgnJmxuoDoWGmxw7WIoMaq4tm78bbzXiGJeRZudnveArMSCCTiuf7qABMBoPeHgTvtx__ny_RlQy_m8/s320/6.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqTEIU1gQ4_Sw4jwiJDR11-TLdwSP_0taC_5gH-WRRR1gO1ZZMcadTVQNVPilxmqQE3OPxAQipRCKj96vUiDT0XiUUufr9d4dhp4TFpj7mQFPeQdDhaM3zhnEaaY3o1zTz1pHLStyalps/s1600-h/7.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373255304605812770" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqTEIU1gQ4_Sw4jwiJDR11-TLdwSP_0taC_5gH-WRRR1gO1ZZMcadTVQNVPilxmqQE3OPxAQipRCKj96vUiDT0XiUUufr9d4dhp4TFpj7mQFPeQdDhaM3zhnEaaY3o1zTz1pHLStyalps/s320/7.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrPFoG4QpNCbpUvSTxK2NvQjWZrZQyiTpooBFA0wP92J9yN_6IA1FYurAWYfoRm6xoqXAPvUsYNrmN7xWZlzetET7R5ETmbtfw_rSC9EePZKnXsWWu5HW2_-0sjlbHAYwCrI5wrd-PDTU/s1600-h/8.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373255534666710274" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrPFoG4QpNCbpUvSTxK2NvQjWZrZQyiTpooBFA0wP92J9yN_6IA1FYurAWYfoRm6xoqXAPvUsYNrmN7xWZlzetET7R5ETmbtfw_rSC9EePZKnXsWWu5HW2_-0sjlbHAYwCrI5wrd-PDTU/s320/8.jpg" border="0" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNX8Dvvdx7WCU7h1zxLRjp4aa3Ax5528hHBuAVCdFd8cX0mddhEUNCLDPs0aqbK8EF_oI7oVvmxW4_U7ugsnRH9wtK0VkfqpfPNfpWNHlUNHyxdMHfN9jtIO4jz6WTdYoAJhUNvXHv4oU/s1600-h/9.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373255791378195650" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNX8Dvvdx7WCU7h1zxLRjp4aa3Ax5528hHBuAVCdFd8cX0mddhEUNCLDPs0aqbK8EF_oI7oVvmxW4_U7ugsnRH9wtK0VkfqpfPNfpWNHlUNHyxdMHfN9jtIO4jz6WTdYoAJhUNvXHv4oU/s320/9.jpg" border="0" /></a> </p><p><strong>A mim só resta agradecer a todos os presentes - à família de sangue e à família de amigos que estiveram todos lá ao meu lado. Aliás, nunca vi um lugar com tanta gente boa junta! Não teria sido a lindeza de evento que foi se não fosse pelas mãos cheias de zelo de todos vocês. </strong></p><p><strong>Por hora, os livros estão comigo e com o Marcelo Grillo, da editora Cachoeiro Cult. Logo deixaremos exemplares em livrarias e outros pontos de venda. Mas para quem quiser adiquiri-los, é só entrar em contato comigo (</strong><a href="mailto:mizunda@hotmail.com"><strong>mizunda@hotmail.com</strong></a><strong>) ou com o Marcelo (</strong><a href="mailto:marcelloprf@hotmail.com"><strong>marcelloprf@hotmail.com</strong></a><strong>) , que enviaremos os exemplares, com dedicatória. </strong></p><p><strong>Ah, e essas fotos foram tiradas pela talentosíssima Natássya Carvalho :)</strong></p><p><strong>Abraços, amigos!</strong></p><p><br /><br /> </p>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-28629240550390140642009-08-11T20:11:00.000-07:002009-10-21T06:54:42.268-07:00Felina<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggAWiBRkU9R_AWDSKLRhASp8ADfNlcvVHY05NmnPzZDey5xthL8jKffdDRv2nl-PzWxjOE379iKn0rZYRq-ZNj2SjAfORYO4hgRNdeN_Fdhw7WidpSC9RaAVgTIqjfovqh7m8QJ1qIfyk/s1600-h/felina.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggAWiBRkU9R_AWDSKLRhASp8ADfNlcvVHY05NmnPzZDey5xthL8jKffdDRv2nl-PzWxjOE379iKn0rZYRq-ZNj2SjAfORYO4hgRNdeN_Fdhw7WidpSC9RaAVgTIqjfovqh7m8QJ1qIfyk/s320/felina.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5368912643379454434" border="0" /></a><br />Nasci em agosto<br />E vim leonina nos cabelos revoltos<br />Nas rimas que me arrematam<br />Uma no meio, outra no fim.<br />Posso dizer que nasci assim:<br />Unhas que crescem muito depressa<br />Olhos que enxergam de longe por mim<br />E cheguei na remessa<br />De sonhos tenros de um rapaz e uma moça<br />Casa, varanda, filhos, roupas<br />Quaradas e estendidas no varal.<br />Nasci com uma pinta na coxa<br />Cresci com poucas palavras na boca<br />Etecétera<br />E tal.<br /><br />Nasci em agosto<br />Com as sete vidas que me cabem<br />E aceito o fardo de bom grado.<br />Porque nasci em agosto<br />Mas se precisar nascer de novo<br />Eu nasço.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-78168523815473450382009-08-02T17:14:00.000-07:002009-08-02T18:03:57.391-07:00Catar-seEra um dia de meus cinco anos e eu era toda felicidade: percebi que podia enrolar a terceira perninha do meu M num caracol de vertigem, uma boniteza sem fim. Enrolava bem fininho até onde minha coordenação de criança pequena dava, mordendo a língua de lado com o esforço bom. Desse dia em diante nunca mais larguei do lápis. Desse dia em diante o tempo passou tanto que eu descobri um monte de coisas, virei gente adulta, consegui emprego, altura, amores. Mas ainda com o lápis na mão e aquela mesma felicidade, venho convidar aos meus amigos, todos vocês, para esse momento muito especial de minha vida: o lançamento do meu livrinho de poesia.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbD7EuV1rQf11krXElytbIn3IDZd_rIAWFbh-QuPTBRpHbHbrePuJ1u0s04HySEMgbT5bdRIx5_i-9szG1bM2mvoJo7Yq6vDD9oAO2N_2cf9uhlw8oDAfACqm0cMr3P9IGHtcX-2_4Wzc/s1600-h/CONVITE.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 152px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbD7EuV1rQf11krXElytbIn3IDZd_rIAWFbh-QuPTBRpHbHbrePuJ1u0s04HySEMgbT5bdRIx5_i-9szG1bM2mvoJo7Yq6vDD9oAO2N_2cf9uhlw8oDAfACqm0cMr3P9IGHtcX-2_4Wzc/s320/CONVITE.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5365533826362896514" border="0" /></a><br /><br /><br />Os agradecimentos são muitos, e todos a quem os devo sabem bem do papel importantíssimo que tiveram nessa realização. Então deixo os beijos e abraços pra hora propícia, e fica aqui meu convite e meu sorriso.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiupuHuVGOCOmtYz5zW_iL3rUlu_1qIXJhn6KZzr82sQS4mRinyFrQkIT69V5L0wr8LmJhviM_XHkXcFaSOGpK4Z-nhhnxe-_YnjJQL2dxN3yKYJJUhp9P92gyOr9yPAwJOHlGeDh8fuVA/s1600-h/para_blog.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 200px; height: 87px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiupuHuVGOCOmtYz5zW_iL3rUlu_1qIXJhn6KZzr82sQS4mRinyFrQkIT69V5L0wr8LmJhviM_XHkXcFaSOGpK4Z-nhhnxe-_YnjJQL2dxN3yKYJJUhp9P92gyOr9yPAwJOHlGeDh8fuVA/s200/para_blog.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5365536215788712466" border="0" /></a>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-68909930157351156382009-07-25T07:21:00.000-07:002009-10-21T06:54:42.269-07:00Modernista<em>a Drummond</em><br /><br /><br />Tinha a incerteza no meio do caminho.<br />No meio do caminho, a incerteza.<br />E, mais pro lado, a pedra.<br />Tinha a pedra.<br /><br />Eu vi a incerteza e franzi o nariz de pena:<br />A incerteza era um bichinho.<br />E feio, como era feio, meu deus.<br />E roía, como roía, com uns incisivos<br />Que queriam crescer pra sempre<br />Pra além do seu tamanho<br />E ainda além.<br /><br />Enquanto fiquei parada olhando, a incerteza roeu tudo o que podia:<br />Graveto, plástico, guimba, cacos<br />Até a pedra.<br />Ainda não satisfeita, ela chegou pra mim<br />E deu de roer meus sapatos<br />Roeu até sangrar um dedão.<br /><br />Mandei-lhe a pedra no traseiro.<br /><br />Tinha a pedra no meio do caminho.<br />E no meio do caminho tinha a incerteza.<br />Nunca me esquecerei desse acontecimento<br />Na vida de minhas retinas ainda frescas.<br /><br /><br />-------------------------<br /><br />Esse poeminha foi apresentado no Festival de Poesia Falada de Varginha, em junho de 2009, por meus amigos Luiz e Junim. É com muita alegria que divido o vídeo com vocês:<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/NuH7DfWKmaY&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/NuH7DfWKmaY&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Valeu, meninos!<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddYx7bEbGV0N7C16Q1jYTt5wiApIdVO-qYnUsB7DGcZA3zlPFwDW31hkAE8iSLNeQD-rkChDMrQ8wVEm6Z-EWLbMUN6RcQ3ovTlpWjtALsbPMsGX3Ore7594g9883H0I_syF1lucpC58/s1600-h/vargiiinha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 259px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddYx7bEbGV0N7C16Q1jYTt5wiApIdVO-qYnUsB7DGcZA3zlPFwDW31hkAE8iSLNeQD-rkChDMrQ8wVEm6Z-EWLbMUN6RcQ3ovTlpWjtALsbPMsGX3Ore7594g9883H0I_syF1lucpC58/s320/vargiiinha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5362408927730354978" /></a><br /><br />(tinha que ter uma foto dessa, rs)Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-25151058736047403102009-07-19T19:39:00.001-07:002009-09-19T21:01:50.719-07:00Mancha<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7G7eVEgGSzSNOxsCLaugplB_zjb9cw2-V0DYkaFxuSxc6DYDyErcptwngSj4UW-UWScfxDfzlgSCbRr2FNTZcHSRmS679bbu7Wy0BADYbbD2xRNYm7bjkBLYSj29Wn6nCtQqsFqpXg88/s1600-h/chuvaa.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5360369414306106658" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7G7eVEgGSzSNOxsCLaugplB_zjb9cw2-V0DYkaFxuSxc6DYDyErcptwngSj4UW-UWScfxDfzlgSCbRr2FNTZcHSRmS679bbu7Wy0BADYbbD2xRNYm7bjkBLYSj29Wn6nCtQqsFqpXg88/s320/chuvaa.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br />Naquela manhã cinza o dia foi levando Rita pela mão com maus modos: o café havia dormido mais que ela, por isso saiu de casa mastigando a seco mesmo um biscoito de maisena. No ônibus, não havia lugar pra sentar, na bolsa, não havia trocado certinho, no cobrador, não havia paciência, e nem nas pessoas, educação. Rita se agarrava às suas coisas com uma mão, e com a outra se segurava como podia à barra de um assento, tentando ignorar a inconveniência ocasional das pessoas que, de passagem, se espremiam contra ela. No trabalho, teve dor de cabeça, meia hora a menos no almoço, um sem-número de telefonemas infrutíferos, hora extra.<br /><br />E, além de tudo, aquela chuva que no fim do expediente, e no meio do caminho, veio encontrá-la sem sombrinha. Fechou os olhos sob a água torrencial, mas não buscou abrigo: preferiu seguir para casa em passos lentos, coração resignado, esperando que junto com a água lhe fossem escorrendo pelo corpo todos os litros de frustração.<br /><br />Mas, quando finalmente abriu a porta de casa, cumprimentou-a o cheiro inconfundível de bolo acabado de sair do forno. A vida era boa novamente. Chegou à cozinha para encontrar a mãe e a irmã mais nova arrumando a mesa do café. De roupa trocada, toalha sobre os ombros e o mundo de volta aos eixos, sentou-se junto às duas. E lá se foram generosas fatias de bolo com leite recém fervido fumegando nas xícaras - eram três graças de sorrisos enlevados.<br /><br />Rita pensou no cheiro do leite, no gosto do chocolate, na textura da toalha macia, no sagrado. Pousou olho fixo no bolo de chocolate, como nunca havia feito antes. Era um bolo simples de cobertura, comum nos cafés da tarde, mas cujo gosto supostamente conhecido os eventos do dia haviam feito o favor de acentuar. A moça sentia o cheiro de chocolate e salivava com a boca e com os olhos - que marejavam involuntariamente, e ela tinha que se dar ao trabalho de piscar muito para evitar que as lágrimas simplesmente vertessem contínuas por suas bochechas. O bolo parecia crescer diante dela, ganhando contornos cada vez mais nítidos.<br /><br />Até que o inevitável aconteceu, a irmã sempre com aquela mania. Rita viu tudo em câmera lenta: a faca se aproximando, o ângulo enviesado, uma lasca grande de bolo se desprendendo irregular, com mais cobertura do que lhe cabia.<br /><br />A pequena menina lambeu os dedos depois da normalidade do ato.<br /><br />Rita continuou olhando o bolo, a mãe sorvia o leite folheando uma revista qualquer. E o ar ficou inerte como dizem que acontece logo antes de um grande estrondo de desastre. Deslizamento de lama, choque de trens, terremoto, onda gigante:<br /><br />"Raio de menina egoísta! Por que não corta esse bolo do jeito certo, como todo mundo faz?"<br /><br />Não houve resposta. A irmã, atônita, estendeu os braços junto ao corpo e baixou a cabeça, acometida por uma vergonha que desconhecia até então. A mãe, por sobre os óculos, repreendeu a filha mais velha com um olhar duro. E por vários segundos os resquícios da catástrofe pairaram no ar, agonizaram tremelicantes sobre o chão, até que Rita tentou um remendo:<br /><br />"Não ligue pro que digo. Vem, termine seu bolo, tome lá mais um pouco de leite."<br /><br />Mas não houve jeito. No ímpeto de servir a irmã, a moça deixou a leiteirinha cair, entornando tudo sobre a mesa. Nessa noite custou a dormir, com a culpa atravessada entre as pálpebras: arruinara uma tela de Rubens.<br /><br />Choveu por mais dez noites e onze dias.Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7254708652967624001.post-6334856227251733152009-07-07T19:46:00.001-07:002009-07-23T19:30:59.979-07:00Amor é Caça-Palavra<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQbeKHcg7l0TRMUGPmzdSC_CLqp0AVwshQw4HwRrpyEDBQqewsGz9jrvpAeFJwFo0bODGdmCIviKQXIp_0ndDU46qW-IqtPSsrOMUqgzA2Ocyjn4merja3ehtDQcfSzaMXhbwEJq_glmY/s1600-h/caça-palavra.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5355915357795534322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 296px; CURSOR: hand; HEIGHT: 239px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQbeKHcg7l0TRMUGPmzdSC_CLqp0AVwshQw4HwRrpyEDBQqewsGz9jrvpAeFJwFo0bODGdmCIviKQXIp_0ndDU46qW-IqtPSsrOMUqgzA2Ocyjn4merja3ehtDQcfSzaMXhbwEJq_glmY/s320/ca%C3%A7a-palavra.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="left"><em>a Viviane Mosé</em></div><div align="right"></div><div align="right"><br /><br /></div><div align="left">contrário de amor</div><div align="left">não é ódio, rancor</div><div align="left">não é raiva assassina</div><div align="left">chilique, doença</div><div align="left">dose de estricnina</div><div align="left">nem mesmo indiferença.</div><div align="left"></div><div align="left"><br /><br /></div><div align="left">contrário de amor</div><div align="left">ao menos no meu idioma</div><div align="left">eu circulei com vermelho</div><div align="left">num dia de chuva:</div><div align="left">ROMA. </div><div align="left"></div><div align="left"></div><div align="left"></div>Paixão, M.http://www.blogger.com/profile/05675892098886454137noreply@blogger.com12