domingo, 19 de outubro de 2008

Arrupio

Gustav Klimt - Water Snakes II


Vem vindo vento
Rebentação
De mar sedento
Por lamber areia
Por beijar o chão
Vem vindo rio
Leito e afluentes
Em tempo bom de cheia
Caudaloso, rente
Até poder mais não
E transbordar
Invadir aldeias
Apagar candeias
Cobrir ribeirão:

Arrupio
Exército ingênuo de pêlos
Essa mini-horda de fios
Perdidos no afã
Erguendo-se, festeiros
Ao som da flauta de Pã.

13 comentários:

VaneideDelmiro disse...

Arrupio deu em mim ao ler tão belo poema.

"Exército ingênuo de pêlos / Essa mini-horda de fios..."

Uma das coisas que mais gosto nessas construções são as imagens sugeridas... Não falaria de perspicácia, mas essencialmente de uma profunda sensibilidade.

Vivas à poesia! Viva está a poesia.

Daniela Parajara disse...

a sua poesia, a sua prosa tudo de você é tão bonito.

ontem te vi e você foi embora, tão correndo! poxa, poxa...

;*

Marcelo Grillo disse...

"Exército ingênuo de pêlos". Não sei, mas alguma coisa, nas entrelinhas, me faz parecer que não são tão ingênuos assim... No mais, o "arrupio" (é muito mais intenso que o simples arrepio) é fantástico... Andas sumida... Bj

Unknown disse...

maria helena,
eu gosto do som de flauta...ô arrupio bom!

Renata Mofatti disse...

Mas assim os leitores "arrupiam! de vez! "Até poder mais não" (ótimo isso, dá um clima de proximidade e simplicidade) Parabéns, pão-de-sol!!!

RUTE disse...

Duplo arrupio esse, Milena! Com imagem de Klimt, maior sensualidade é impossivel.

Pelo vistos temos gostos em comum: Saramago, Fernando Pessoa e agora Klimt com o seu quadro Water Snacks II.

Amei a inundação do Arrupio. Mas foi muito rápida. Você poderia ter demorado mais seu "Arrupio".

Abraço além-mar.

C. disse...

ai, bom que só!
parte que mais gostei foi essa aqui:


"Ô, arrupio
Exército ingênuo de pêlos
Essa mini-horda de fios
Perdidos no afã
Erguendo-se, festeiros
Ao som da flauta de Pã."


aí penso que tu junta o entender-sentir e o saber-dizer tão direitinho, que dá pra gente sentir junto. nunca vou saber se o mesmo, porque os sentidos sempre se perdem um pouco pelo caminho, mas bem próximo, sim sim.

beijo grande
=**

Ale disse...

fico um tempo sem vir por aqui e já tem tanta coisa boa!! Lindo demais, Milena. Parabéns por mais um belo texto...
bjos!

Cineclube Jece Valadão disse...

esse é muito bonitinho
como todos os outros
minha poeta preferida =)

the drama queen disse...

atualiza

Daniel. disse...

ao som da flauta do deus pã,ou ao "toque" do berimbau de ogum, deus da guerra, preto e valente

Anônimo disse...

Meu Deus, que lindeza!

Unknown disse...

esse já foi roubado também