quarta-feira, 6 de maio de 2009

Poema Cético



Não acredito em carma.
Carma, meu bem, só pode ser um nome
Que há muito inventaram
Pra disfarçar obsessão
Coincidência triste
Ou as duas.
Não acredito em gente
Soberba o bastante pra culpar a lua
Por qualquer mau humor
E dizer que planeta tal
Alinhado com aquele outro
É sinal claro de malogro
Dor de cotovelo
Azar no jogo.
Eu, particularmente,
Não ligo pra borra do café:
Prefiro o gosto forte, o cheiro
O susto quente na língua.
O resto, eu dispenso, sabe como é
Que café nenhum vai ler meu futuro.
Baralho eu jogo é de quatro naipes
Em casa de praia, na roda de amigos
E amuleto eu trago de nascença
E levo sempre comigo:
Amor de pai e mãe
Espalhado no avesso da pele.
Daí pode vir olho gordo, magro
E de todas as cores:
Não noto
Não tropeço
Não engordo um quilo.
Os búzios não me dizem nada
Alem da lembrança boa do mar
E mapa, só o político.

Prefiro assim, nada místico:
Que de inferno
Já basta o nosso de cada dia
De gente chata, mesquinharia
De mil contas pra pagar
Da tristeza da criança no sinal.
Inferno bobo,
Aquele do meu signo com outro
Não quero como bode expiatório:
Me cai mal.

E além disso
O que não me sobra é tempo
Pra sofrer de inferno astral.