Não é por nada, não
É mais porque gosto de rascunhar papel
É porque quando escrevo assim, ao léu
Dá vontade de falar do céu
Dá ganas de contar do breu.
Mas hoje é só esse olho seu
Que, ai meu deus
É de um castanho de desatino
É um olho assim, de menino
De taurino
Com ascendente em leão.
É olho que, quando a luz é certeira
Tem luxos de mudar coloração
E de roubar minha cor, minha ação
Em espantamento de criança
Em rendição de inseto preso em âmbar
Pontinho preto na sua íris caramelada
Imóvel, exposto em pose atrapalhada
A alma entregue à sua salvação.
E seus cílios agora, então?
São todos feitos de matéria-carinho
Curvadinhos
Ponta de asa de passarinho
Flor de dente-de-leão.
Se eu soprar seu olho, menino
Espalho seus cílios no vento?
E o que acontece na hora
Que eles tocarem o chão?
Será que você vai nascendo
À beira do caminho que ando
Pra, seguido, eu ir te encontrando
E poder segurar sua mão?
Ah, me desculpe, menino
Essa divagação sem tamanho
Mas explico esse súbito assanho
Confesso que há, sim, razão:
É que quando eu fecho o olho
(que estranho)
Nem azul nem breu
É castanho
Que tinge o avesso das pálpebras
E me preenche a visão.
É mais porque gosto de rascunhar papel
É porque quando escrevo assim, ao léu
Dá vontade de falar do céu
Dá ganas de contar do breu.
Mas hoje é só esse olho seu
Que, ai meu deus
É de um castanho de desatino
É um olho assim, de menino
De taurino
Com ascendente em leão.
É olho que, quando a luz é certeira
Tem luxos de mudar coloração
E de roubar minha cor, minha ação
Em espantamento de criança
Em rendição de inseto preso em âmbar
Pontinho preto na sua íris caramelada
Imóvel, exposto em pose atrapalhada
A alma entregue à sua salvação.
E seus cílios agora, então?
São todos feitos de matéria-carinho
Curvadinhos
Ponta de asa de passarinho
Flor de dente-de-leão.
Se eu soprar seu olho, menino
Espalho seus cílios no vento?
E o que acontece na hora
Que eles tocarem o chão?
Será que você vai nascendo
À beira do caminho que ando
Pra, seguido, eu ir te encontrando
E poder segurar sua mão?
Ah, me desculpe, menino
Essa divagação sem tamanho
Mas explico esse súbito assanho
Confesso que há, sim, razão:
É que quando eu fecho o olho
(que estranho)
Nem azul nem breu
É castanho
Que tinge o avesso das pálpebras
E me preenche a visão.