
Havia então um par de chinelas meio velhas que Marianinha não mais queria. Mas eram uma chinelas muito simpáticas mesmo, tinham até flor enfeitando, umas graças. A mocinha, triste que só, ficou lembrando do dia em que as comprou, último verão. Saiu andando pela praia com aquelas chinelas novas que os pés ainda sentiam estranhas e rígidas, mas que os olhos adoravam. A flor cor-de-rosa fazia um par bonito com o pé moreno, ela achava. E não era só ela que achava. Também achava isso o menino pescador amarrando o barco à tardinha. O menino achou tanto que ela notou, e começou a reparar que os pés dela combinavam com os dele, descalços, andando juntos na areia dourada de pôr do sol. Também combinava com as chinelas – achava o menino – uma correntinha pra tornozelo de conchas tingidas de azul que ele mesmo havia feito. E depois de um tempo concluíram que as sandálias combinavam também com histórias antigas dele e dela, com sorrisos sem-graça, olhos brilhando, sorvete, algodão doce e beijo na boca.
Mas esse verão a menina estava achando de verdade que com nada as sandálias calhavam. Provava todas as roupas e era tudo um horror. Nem carregá-las nas mãos na beira da praia (pras ondas não molharem a palhinha) tinha o mesmo charme mais. Marianinha ficou mesmo muito irritada, comprou num arroubo umas sandálias de borracha preta muito insossas, pôs no pé e pronto: qualquer estampa servia. As chinelas de flor quase jogou no lixo, mas não. Quase deu pr’uma prima, mas tampouco. Fez melhor: Deixou-as em cima de uma pedra, numa pose bem bonita, pra quem as encontrasse e achasse que com seu pé combinasse mais, ou pra passarinho fazer ninho arrancando a palhinha, ou pra quaisquer que fossem os desígnios do vento. Foi embora com os pés enlutados, chorando lagriminhas azuis.
Mas esse verão a menina estava achando de verdade que com nada as sandálias calhavam. Provava todas as roupas e era tudo um horror. Nem carregá-las nas mãos na beira da praia (pras ondas não molharem a palhinha) tinha o mesmo charme mais. Marianinha ficou mesmo muito irritada, comprou num arroubo umas sandálias de borracha preta muito insossas, pôs no pé e pronto: qualquer estampa servia. As chinelas de flor quase jogou no lixo, mas não. Quase deu pr’uma prima, mas tampouco. Fez melhor: Deixou-as em cima de uma pedra, numa pose bem bonita, pra quem as encontrasse e achasse que com seu pé combinasse mais, ou pra passarinho fazer ninho arrancando a palhinha, ou pra quaisquer que fossem os desígnios do vento. Foi embora com os pés enlutados, chorando lagriminhas azuis.
4 comentários:
ai ai ai milena...arrepiou tudo! Juro!!
LINDO DEMAIS!! me fez até pensar diferente lembrando de todas ao chinelos q já vi sozinhos pela praia!
Simplesmente...!!!
Saiba q tem uma fã!
bjos inspiradores pra ti
:*
Queria um final feliz...
Buáááá... Snif!Snif!
É uma pena...
Agora tenho que ir pra facul!
Poxa! See you later...
Tá certo o meu inglês???
Você põe graça em pequenas histórias. Gosto disso.
Marcelo Grillo
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