
É assim que lhe conto
Que entrego meu coração.
Voz parece que vem arranhando pela garganta,
E acho que nunca me acostumei com ela.
Nasci mal-acostumada.
Devo ter tido preguiça de chorar,
Ou devo ter chorado tanto
Com tão pouco tamanho
Que me cansei cedo.
Me cansei.
Tinta desliza fácil
E letra é desenho tão bonito,
Que me inspira a dizer mais.
Digo e vou dizendo pra sempre
Feito rio sinuoso cortando um país
Continente
O mundo
E paro só por causa do pulso
Esse fraco
Que tem pulso-forte sobre mim
Sobre minhas vontades.
Dentro de mim o que guardo
É um pedido de perdão aos que precisaram da minha voz
E não tiveram.
E inveja de quem diz com tanta eloqüência:
“não”
“te ajudo”
“é o seguinte”
“sim”
“te amo”
“fica mais um pouco”
“mas me explique melhor”
Está tudo dentro de mim.
Mas nem sempre há caneta e papel.
Só queria escrever com os dedos
Sobre a pele de alguém.
2 comentários:
O que muitas vezes não conseguimos dizer cara a cara, escrevemos papel a papel! Fica mais fácil e mais revisado por temos o tempo suficiente passar uma borracha!
A ferro e fogo, gravar nossas letras sobre a pele de alguém, uma tatuagem com nossa caligrafia. Indelével em vida. Mas também podemos escrever na alma. Mais indelével ainda, pois é eterno.
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